A presidente da Sociedade Cabo-verdiana de Música disse hoje acreditar que a música é o “petróleo imaterial” do continente africano, mas que é preciso converter esse petróleo em uma oportunidade económica de remunerar todos os envolvidos na música.

Solange Cesarovna teceu estas considerações ao abordar o tema “A oportunidade económica da música no digital” durante um ateliê temático  sobre “Estratégia de desenvolvimento da economia digital no horizonte 2030”, por video-conferência.

Com a covid-19, apontou, houve um “crescente exponencial” do consumo da música no mundo digital e surgimento da “febre” dos concertos em ‘streaming online’.

“Haverá ainda uma clara tendência do crescimento do consumo de música ‘online’, nos próximos anos, mundialmente, e o continente africano não é excepção, e uma esperança é a monetização do consumo da música no digital, incluindo o novo fenómeno do ‘live streaming’”, referiu.

Durante o período de ‘lockdown’ (Abril e Maio), segundo um estudo mundial, entre 11 milhões e 12 bilhões de vídeos de ‘streaming’ de música semanalmente foi consumido.

Com esse aumento de consumo digital, para a representante desta entidade de gestão colectiva, o negócio dos direitos de autor na música “vale mais do que nunca” e a música é o “petróleo imaterial” do continente africano.

“Com isto, as oportunidades do digital têm que favorecer, neste momento, uma atitude de 01% de inspiração e 99% de transpiração em prol de trabalharmos para que este petróleo imaterial seja convertido em uma oportunidade económica de remunerar todos os que fazem parte da cadeia musical(..) têm que aproveitar este momento”, assegurou Solange Cesarovna.

Isto porque, acentuou, no continente africano todos têm um telemóvel e a assinatura das plataformas digitais tem sido algo recorrente e o consumo de música e a troca de conectividade de rede nunca foi “tão real”.

O serviço de ‘streaming’ de música em África tem sido crescente e em 2024, apontou, espera-se que as receitas de ‘streaming’ de música atinjam um crescimento anual de 12%, que fará com que o mercado atinja um volume de 822 milhões de dólares.

Entretanto, indicou, apenas menos de 1% de cobrança de direitos de autor gerados e pagos pela música é pago para os titulares de direitos e para quem faz a música no continente.

“O relatório global da confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores (CISAC) demonstra que em 2018 menos de 1% deste valor fica no continente, embora o continente africano continua sendo o continente com maior potencial de crescimento devido a grande da cadeia produtiva na área musical e do consumo musical através do digital”, afirmou.

Por outro lado, as sociedades africanas geraram até agora 78 milhões de euros e apenas 14% desse valor vem da cobrança no digital.

São esses problemas que a presidente da SCM quer ver resolvido para dignificar o trabalho das pessoas que fazem música.

“São valores irrisórios em comparação com a potência da produção criativa na região e representar menos do que 01% mundialmente para nós é crítico e chegou o momento de mudança dessa atitude e aposta também no digital tem que ser com certeza algo urgente”, finalizou.

Em relação a oportunidade para gerar valor económico para a música no digital no âmbito regional, Solange Cesarovna considerou que Cabo Verde pode ser um modelo e exportar, para todos os países do continente, o sistema de aceleramento da cobrança dos direitos de autor e direitos conexos e na monetização das obras musicais no digital.

Ainda, como membro da CISAC, Organização Mundial da Propriedade Intelectual, defendeu que o País tem todas as condições para impulsionar a criação de um sistema comum e de participar activamente na construção do ‘hub’ africano de licenciamento das plataformas digitais.

Fonte: Imforpress

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