O professor universitário Daniel Medina confirmou hoje à Inforpress que é candidato às eleições presidenciais de Outubro próximo, fruto de “algumas pressões” da parte da sociedade civil e que, neste momento, a candidatura está a ser “afinada”.
“Temos recebido algumas pressões da parte da sociedade civil de forma a tentarmos romper com círculo vicioso, particularmente no que tange à parte presidencial de que não é aceitável termos um Presidente que seja tão arreigado aos partidos [políticos] ”, precisou Daniel Medina.
Para ele, quando o Presidente da Republica está enraizado num partido, isto “compromete a sua independência e imparcialidade”.
Na sua perspectiva, depois de se analisar todo o processo presidencial, desde a independência até agora, este é um “momento ideal” para se apresentar uma candidatura da sociedade civil, já que, disse, as pessoas “estão muito mais esclarecidas e com mais formação”.
“A sociedade civil precisa também ter voz para se pronunciar na escolha legítima de um Presidente com mais equilíbrio e que possa chamar atenção de determinadas coisas que possam estar a surgir”, indicou.
Não é contra o apoio dos partidos às pessoas, mas, segundo ele, estes “não podem nem tirar a voz nem sufocar a sociedade civil”.
“Daí esta vontade, nós nos candidatarmos a Presidente da Republica para quebrar este círculo”, apontou Medina.
Tinha previsto o anúncio oficial da sua candidatura para finais de Fevereiro ou Março, mas a pergunta lhe foi feita em directo, quando estava no telejornal do domingo a analisar juntamente com o seu colega de painel, Marcos Barbosa, questões atinentes à política nacional, se viu obrigado a responder.
“Dizer que não era extremamente arriscado e poderia causar alguma confusão, resolvemos aceitar que há esta possibilidade e, paulatinamente, vamos afinando os motores”, realçou, referindo-se ao anúncio da sua candidatura presidencial.
Instado com que base conta para a corrida presidencial, assegurou que já tem grupos de jovens e pessoas de partidos a trabalhar na sua candidatura, que é da “cidadania e suprapartidária”.
“A minha base de apoio é diversificada. Tem pessoas de partidos e tem uma grande massa crítica jovem que está insatisfeita com o rumo demasiado partidarizado que a nossa sociedade está a ter”, admitiu, acrescentando que as pessoas querem ajudar a fazer uma ruptura nessa linha “extremamente partidarizada”.
Perguntado se se trata de uma candidatura para seguir em frente, respondeu nesses termos: “Se fosse para desistir, nós não teríamos dado a cara em directo na televisão. Naturalmente, ainda estamos a afinar os motores. A única desvantagem de um candidato a solo é da máquina partidária e dos recursos económicos”.
Sobre o estilo de campanha que vai adoptar, garantiu que, tendo em conta que ainda não se sabe o desenvolvimento da pandemia da covid-19, as pessoas serão contactadas através das redes sociais, onde serão feitos debates e publicados documentos para que os eleitores vejam as suas ideias e propostas sobre o papel do Presidente da República.
Entretanto, o deputado Hélio Sanches, eleito nas listas do Movimento para a Democracia (MpD-poder), foi o primeiro a anunciar a sua candidatura às eleições presidenciais de 2021, seguido do antigo primeiro-ministro e antigo presidente do MpD, Carlos Veiga.
José Maria Neves, também antigo chefe do Governo e ex-líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) é tido como um dos prováveis candidatos às próximas presidenciais.
Daniel Medina nasceu em Santo Antão e é professor universitário, investigador, jornalista, escritor e formador. É coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Diplomacia e de Ciências da Comunicação na Universidade de Cabo Verde onde labora desde 2005.
No âmbito da investigação, é membro da Associação Francesa de Terminologia e Investigador Externo Permanente do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (2006/2018).
Em termos de formação académica, é Doutor em Ciências Políticas, Mestre em Linguística, Pós-Graduação em Psicologia Social, Pós-Graduação em Direito da Comunicação, Licenciatura em Jornalismo Internacional.
C/Inforpress